Manifesto ao manifesto

sexta-feira, 11 de julho de 2008


Queridos,


Hoje estamos postando uma foto e um texto de um grande amigo do Coletivo o12. Ele passou alguns meses em nossa cidade (Votorantim) e decidiu (por vontade própria) escrever algumas coisas sobre as situações que viveu e pôde observar aqui.

Estamos muito felizes pela posição corajosa que ele tomou!

Um grande beijo e força para todos nós, sempre



MANIFESTO AO MANIFESTO

A necessidade de se discutir coletividade , vem até nós, num tempo em que se torna cada vez mais clara a necessidade de revisão das estruturas de organização coletiva. Novas teorias acerca do que significa estar inserido num “todo” constituído de unidades ao mesmo tempo interdependentes e autônomas, tem influenciado tanto artistas, quanto a comunidade científica à rever suas perspectivas com relação ao tema “coletividade”.Talvez uma das maiores tarefas do nosso tempo, e da “via de mão dupla”que se constrói no que chamamos de globalização, seja a necessidade de se incorporar a noção de “complexidade” nas relações, principalmente naquelas onde o fator “humano” prevalece, assim acredito ser muito importante me posicionar claramente contra o progresso de espaços em que a multiplicidade de entendimentos e perspectivas individuais seja negligenciada (as vezes reprimida) e substituída por um entendimento por simplista das relações de convívio.Um entendimento muito reducionista do que significa organizar-se coletivamente, levou a criação de estruturas em que a informação e o poder “efetivo” são monopolizados e o poder de ação reduzido a uns poucos integrantes do que contraditoriamente denomina-se “coletivo”, esses espaços enrijecidos na sua estrutura, conseguem muito pouco na evolução de suas formas de se relacionar com o ambiente externo, já que norteiam suas ações a partir de uma fonte de informações limitada e bem especifica.Uma organização coletiva inteligente (enquanto espaço amplo de trocas e contaminação mútua das partes) permite uma maleabilidade muito maior , permitindo a ela adaptar-se as especificidades do ambiente em que está , sem a necessidade de muitos “hematomas “ entre os que a compõem, além disso, permite a criação de filtros de informação que maximizam as possibilidades de sucesso nas ações que realiza, já que pontos de vista conflitantes, tratarão de “peneirar” as idéias, retirando o desnecessário e identificando-as com as necessidades prioritárias do “todo”.Minha experiência com o quadra pessoas e idéias em Votorantim, tornou ainda mais claro pra mim, como estão mascarados esses espaços de limitação de escolhas e enfraquecimento de individualidades, tendo como fachada justamente o contrário do que realiza, se mostra como um espaço extremamente limitado e limitante, de perspectivas amplas de entendimento do fazer artístico e suas implicações.Do ponto de vista hierárquico, um limite muito tênue(mas determinante) separa as proposições de um líder genuíno, que orienta de forma benéfica seu grupo, e as imposições caprichosas de um individuo que ignora as capacidades de reflexão e autonomia dos indivíduos com os quais convive.É importante que situações como esta, sejam expostas a público, afim de evitar que esse tipo de atitude “caduca”, persista e atrapalhe o caminho de quem esta de fato interessado em construir perspectivas mais amplas de entendimento do fazer artístico.Encarando todas as dificuldades que advém da possibilidade de sobreviver como artista, vamos em frente sem no entanto precisar desvalorizar as capacidades das pessoas com as quais convivemos, e que são na verdade , somas, a que devemos incorporar as nossas, na construção de um pensamento, que se concretize na realidade em que estamos vivendo.Gostaria através desse texto,de colocar questões que acredito serem relevantes pra todos os que estão interessados em construir um pensamento artístico, entendendo este, também ,como forma de construção de conhecimento e desenvolvimento para os que estão ao nosso redor ,alem manifestar apoio a todos os que já perceberam quanto trabalho temos até que esses espaços de “diminuição” da individualidade, sejam percebidos e gradativamente extintos, na luta por um processo mais “humano” nas relações de convívio e criação.

Um abraço,
Mauricio filho

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